27 setembro 2014

Fanfictions: Arabesque


Prólogo

Não era a primeira vez que isso acontecia. Juro que correr da aula de ballet para a Universidade hoje não foi algo prazeroso, principalmente quando, mesmo que justifiquem a falta da sua última aula com duas semanas de antecedência, você tenha que participar de uma reunião tediosa de família. Claro que desse jeito, a conclusão que tiram de mim é "Não gosta dos pais, é um garoto rebelde, vive na rua", e é totalmente errada porque tenho uma ótima relação com os meus pais e inclusive, com meu irmão, por mais que eu diga que o mesmo não presta. Mas nada me preparava para o atraso de hoje, nem para o fato de esbarrar em um daqueles capitães de time de futebol sem cabeça e personalidade.

Assim, automaticamente quando o sino soou pelos corredores e salas, corri o mais rápido possível em direção ao meu armário, onde minhas coisas de escola permaneceram, menos as tarefas, e minha bolsa de ballet surgia. Ele era totalmente cinza por fora, feito de metal, mas por dentro era a coisa mais linda aos meus olhos! Tinha minhas partituras, meus cadernos de música, os livros educativos, um local para colocar minha bolsa lateral escolar, outro para a minha bolsa de ballet aonde se encontrava minha sapatilha preta meia ponta, esparadrapos, elásticos, collant, leggins preta e outra branca, além de tudo que dê para imaginar, e ao lado, fora da bolsa, uma caixa de música antiga vermelho-vinho com detalhes dourados era visualizada. Era super organizado e não existe nada melhor do que isso. Peguei a bolsa de ballet, coloquei os deveres dentro de uma parte separada que havia dentro da mesma e finalmente fechei o armário metalizado. Chequei para ver se nada havia sido esquecido e corri para o estacionamento, em busca de um carro que minha família havia pedido para me buscar, um azera preto com o vidro fumê mais forte que já se foi visto, como se eu fosse alguém importante.

No meio do caminho esbarrei em algo e por pouco não caí graças a pilastra de concreto que estava do lado esquerdo de meu corpo. Olhei para ver o que ou em que, eu havia batido e ganhei um olhar de raiva de um capitão loiro, baixinho, bronzeado, do time de futebol Unique, e minha conclusão foi "realmente era o que eu precisava", citei de modo irônico em minha cabeça. Um desentendimento com aqueles malas cabeça oca. Juro que a cada palavras por eles dita equivale na redução do Q.I. da população em um raio de 1Km.

– Olha por onde anda, bichinha. - disse um amigo próximo do loiro. Ele tinha cabelos acinzentados e era um pouco maior que eu, tinha um bom físico e me olhava irritado. Os dois usavam shorts brancos, típicos para o esporte, chuteiras, o uniforme do time e aqueles casacos estilo Grease, Nos Tempos da Brilhantina.

– Greg, vamos deixar esta bailarina pra lá! - o loiro dizia puxando o braço do amigo que apenas me deu um sorriso de escárnio. Se me importei com o comentário do pequeno? Nem um pouco. To acostumado com isso.

– Não antes de eu fazer uma coisa. - o tal Greg pronunciou. O que veio a seguir foi: minha costas baterem no chão com uma força estupenda e uma ardência crescente em meu rosto e para terminar, um chute foi desfigurado contra meu abdômen, acabei me encolhendo. A dor era horrível mas não iria demonstrar nenhuma emoção, não iria lhe dar este gosto. Minha bolsa jazia longe de mim devido aos movimentos bruscos.

– SR. LESTRADE! - ouvi uma voz feminina gritar, reprendendo-o. Automaticamente me levantei, com certa dificuldade, em busca da minha bolsa, foi quando a menina que havia gritado me entregou o que eu procurava. Ela tinha cabelos e olhos castanhos, seu corpo era de proporção média e curvilíneo, utilizava um vestido florido com um cinto fino marrom e um par de oxford da mesma cor. - Pode ir agora, querido. Ele não vai mais te incomodar, garantirei uma passagem para a detenção. - deduzi que ela deveria ser uma das inspetoras que a diretora da universidade havia comentado dias atrás. A moça olhou para Lestrade que demonstrava estar atônito, provavelmente por ter sido pego no ato, a garota voltou a olhar meu rosto com um sorriso grande. - A propósito, meu nome é Martha Louise Hudson mas pode me chamar de Srta. Hudson. Qualquer coisa é só me procurar, aqui meu telefone. - Srta. Hudson disse pegando um papel e uma caneta em sua bolsa pequena, que eu não havia reparado, anotando seu número e me entregando. Agradeci com um malear de cabeça e ela piscou pra mim.

Encaixei a bolsa em meu ombro e sai andando ainda com as dores das batidas ganhando repercussão. Continuei circulando os carros até finalmente achar o azera parado na porta da faculdade de teatro, provavelmente deveria ter esquecido que a área da faculdade de música havia mudado depois da volta das férias. Procurei abrir a porta do carro com urgência, me enfiei dentro do carro e tranquei a porta o mais rápido possível. O motorista me olhou e eu apenas olhei para o ser sentado ao meu lado, Mycroft.

– Vejo que levou uma bela de uma surra, irmãozinho.

– Cala a boca. Não quero e não irei discutir sobre este assunto. Foi uma briga desnecessária. - adiantei, estava estressado com aquilo e o que eu mais queria neste momento era que desse o horário da minha aula de ballet. Poderia esquecer de toda aquela confusão do mundo afora e me centrar no clássico.

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